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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

08 de Outubro - Dia do Nordestino

O Nordestino é originário das misturas de diversos povos: o branco, representado pelo colonizador português, os invasores estrangeiros e imigrantes diversos; o índio, povo nativo da região, que faziam parte de diversas tribos; e o negro africano, trazido na condição de escravo para trabalhar nas lavouras canavieiras, na industrialização do açúcar, nas fazendas e nas mais diversas atividades braçais. Essa miscigenação fez surgir os mestiços, resultados da união de raças diferentes, dando origem a três variedades: o mulato (preto + branco), o caboclo (branco + índio) e o cafuzo (índio + preto).
O resultado da mistura de todos esses povos, aliados às características da terra, do clima e às condicionantes econômicas, acabou formando a população nordestina atual e conferindo a ela um sentido de luta e o desejo e a certeza de vencer.
Apesar, muitas vezes, das adversidades do tempo e da terra, o nordestino conserva os costumes, tradições e história, através do artesanato, artes plásticas, arquitetura, música e preservação dos seus monumentos históricos. É visível seu apego às tradições mais remotas e a um folclore belíssimo e bastante variado, de acordo com os contrastes existentes nos vários Estados da região Nordeste.
Ele jamais esquece a terra onde nasceu. Às vezes, devido às adversidades do tempo ou as situações econômicas desfavoráveis, são obrigados a emigrar para outras regiões do país. Mas sempre que podem e as condições de vida mudam, voltam para os seus familiares e amigos e para a "terra querida".
Alguns tipos de pessoas são muito comuns no nordeste. Os mais conhecidos nacionalmente
de acordo com as habilidades adquiridas são: os sertanejos, os vaqueiros, os repentistas e os jangadeiros.
O sertanejo é exemplo de bravura e possui uma das mais expressivas culturas artesanais do país. Está sempre preocupado com a seca, uma vez que, com maior ou menor intensidade, ela sempre ocorre. É conhecido como trabalhador, amigo sincero e leal, respeitador, mas é também um homem destemido, que "não leva desaforo prá casa". É conhecido como "cabra macho" e é a
representação imediata da coragem, força e resistência. Sua valentia é contada
em prosa e verso.
Os vaqueiros são trabalhadores que, montados em seu cavalo, cuidam do gado. Para protegerem-se dos arbustos e espinhos da vegetação local usam uma vestimenta característica: chapéu de couro, gibão de couro curtido, calças-perneiras justas e luvas.
Os violeiros ou repentistas são cantadores de viola que têm muita habilidade para compor versos de improviso. São muito respeitados e admirados em todo o Estado. Algumas de suas cantorias são verdadeiras obras primas de nossa literatura.
Os Jangadeiros são trabalhadores típicos do litoral. Passam a maior parte do tempo em alto mar à procura do peixe, que serve de alimento para a família e é a fonte de renda para o seu sustento. Geralmente moram em casas simples, construídas perto da praia.
Mas o nordeste também é povoado de outras pessoas típicas, como as rendeiras, os agricultores, os "coronéis" (em extinção), os beatos, os retirantes, os matutos, os canavieiros, etc . São ainda nordestinas algumas figuras das mais expressivas tais como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Gilberto Freire, Manuel Bandeira, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, José de Alencar, Jorge Amado, Ariano Suassuna, Luiz da Câmara Cascudo, Luiz Gonzaga, Fagner, Zé Ramalho,
Caetano Veloso, Elba Ramalho, Chico César, André Vidal de Negreiros, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, Raquel de Queiroz, Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto, Zé da Luz, Patativa do Assaré, Sivuca, Capiba, Jessier Quirino e muitos outros expoentes que enriquecem ou enriqueceram o cenário brasileiro e, até, internacional.
Enfim, "o nordestino é, antes de tudo, um forte", já dizia Euclides da Cunha. Mas faltou também dizer que é um povo resistente, que vence todo tipo de dificuldade, faz piadas e ri, muitas vezes, de sua própria desgraça, mas não se entrega. Também é mulherengo e não rejeita uma boa dose de cachaça. Continua compondo suas canções e tudo é motivo de festas. As oportunidades, aliás, não faltam. Festas quando as chuvas caem no sertão, trazendo fartura e prenúncio de dias melhores; festas nos rituais de cantorias nas safras; festas nas celebrações de noivado e casamentos nas roças; festas de padroeiras, etc. Até dia de eleição é motivo de festa.


Para homenagear esse povo guerreiro, transcrevo um Galope a Beira Mar de autoria do repentista Dimas Batista.


"Nasci
no sertão, desfrutando as virtudes
Do tempo
de inverno, fartura e bonança.
Depois
veio a seca, fugiu-me a esperança
Deixando-me
assim, de tristeza tão rude.
Vi secos
os rios, fontes e açudes.
E eu que
gostava tanto de pescar,
Saí pelo
mundo tristonho a vagar,
Fui ter
numa praia de areias branquinhas
E vendo a
beleza das águas marinhas,
Cantei meu galope na beira do mar.


Ali na
cabana de alguns pescadores,
Fitando a
beleza do mar, do arrebol,
Bonitas
morenas queimadas de sol,
Alegres
ouviram cantar meus amores.
O vento
soprava com leves rumores,
O pinho a
gemer, depois de chorar.
Aquelas
morenas à luz do luar
Me davam
impressão que fossem sereias,
Alegres,
risonhas, sentadas nas areias,
Ouvindo os meus versos na beira do mar.


Eu sempre
que via, lá no meu sertão,
Caboclo
vaqueiro de grande bravura,
Vestido
de couro, na mata mais dura,
Entrar
pelo mato e pegar o barbatão,
Ficava
pensando, na minha impressão:
Não há
quem o possa, em bravura igualar;
Mas
depois que vi o praiano pescar
Numa
frágil jangada, ou barco veleiro,
Achei-o
tão bravo, tal qual o vaqueiro,

Merece
uma estátua na beira do mar."

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